A cidade de Macapá não vai continuar crescendo para sempre, e provavelmente nunca chegará a ter um milhão de habitantes. Sei que para muitos isso pode parecer chocante, pois a capital amapaense vivenciou décadas de um crescimento exponencial, tanto em número de habitantes quanto em tamanho. No geral as pessoas tendem a acreditam que todas as capitais brasileiras estão destinadas a se transformarem em grandes metrópoles. Porém isso nunca foi regra, e se isso ocorreu com algumas capitais no século passado, atualmente as coisas estão mudando, e esta tendência está cada vez mais distante no horizonte. Os últimos dados do censo IBGE de 2022 mostram que na última década, o ritmo de crescimento populacional em todo o Brasil desacelerou vertiginosamente, e na capital amapaense isso não foi diferente.

Vamos aos números oficiais dos Censos do IBGE. Durante a década de 1980 o Amapá registrou um aumento populacional de 61 %, saltando de 180 mil para 288 mil habitantes, e Macapá saltou de 140 mil para 179 mil moradores entre 1980 e 1991. Na década seguinte de 1990 o crescimento foi ainda mais impressionante, o Amapá cresceu novamente 60 %, saltando de 288 mil para 475 mil habitantes, e Macapá saltou de 179 mil para 282 mil moradores, um crescimento impressionante de 65% entre 1991 e 2000, em apenas nove anos. Já na década seguinte nos anos 2000 o ritmo de crescimento populacional já começa a diminuir, com um aumento aproximadamente de 41 % o Amapá saltou de 475 mil para 669 mil habitantes, e Macapá de 282 mil para 398 mil moradores entre 2000 e 2010. Ainda sim números altos que deixaram na sociedade a impressão errônea que este “boom” demográfico seria eterno.
Quando chegamos na última década o crescimento registrado foi muito abaixo do previsto, onde o Amapá teve um aumento de apenas 9,5% em doze anos, saltando de 669 mil para 733 mil habitantes, e Macapá de 398 mil para 442 mil moradores, entre 2010 e 2022. Bem abaixo dos 861 mil habitantes previsto para o Amapá e os 522 mil moradores estimados para Macapá em 2020 pelos cálculos do IBGE anteriores ao Censo de 2022. Queda na taxa de natalidade, projeções estatísticas exageradas, emigração de amapaenses para estados do Sul do Brasil, vinda de menos imigrantes de outros estados para o Amapá, e por consequência para Macapá que concentra 60% da população do estado, podem explicar este balde de água fria nas estimativas anteriores.

Para o futuro, temos alguns dados do IBGE. Por exemplo, o ritmo de crescimento anual da população do Amapá é de 0,77%, e em Macapá é de 0,89% ao ano. Além disso, temos estimativas sobre o envelhecimento da população. Atualmente, a idade média é de 27 anos, mas isso vai mudar nas próximas décadas. Com base nisso, algumas estatísticas indicam que por volta de 2060, a população do Amapá vai parar de crescer, e depois de 2065, começará a diminuir. Isso significa que o Amapá será um dos últimos estados a passar por esse fenômeno, já que em vários estado isso já estará acontecendo a partir de 2030, o Brasil por exemplo, chegará em 2100 com 50 milhões de habitantes a menos que hoje. Na verdade, essa é uma tendência global para o futuro.

Com base nesses dados, podemos fazer uma simulação hipotética de como a população do Amapá e de Macapá poderiam crescer no futuro. Suponhamos que o ritmo de crescimento anual de atualmente continue até por volta de 2060, o que é improvável. Depois, imaginamos que a população comece a diminuir na mesma proporção até por volta de 2100. No máximo, o Amapá teria 963 mil habitantes e Macapá teria 605 mil em 2060, seguido por uma queda para 674 mil no Amapá e 389 mil em Macapá até 2100. Mesmo considerando um crescimento constante até o final do século, o que é um cenário ainda mais improvável, o máximo que Macapá poderia alcançar seria cerca de 750 mil habitantes em 2100. Então, a menos que um evento extraordinário reverta a tendência atual é muito improvável que Macapá chegue a ter um milhão de habitantes neste século ou no próximo.
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