Kusiwa na avenida: Império do Povo celebra a arte e a resistência dos Wajäpi

Escola de Santana emociona ao retratar a cultura indígena e a luta pela preservação da Amazônia em desfile vibrante.

Na madrugada deste sábado, 1º, a Escola de Samba Império do Povo levou para a avenida um desfile emocionante e repleto de significados, representando com orgulho os santanenses no Carnaval 2025. Com o enredo “Kusiwa – O Caminho Desenhado sobre a Pele”, a escola mergulhou na cosmologia do povo Wajäpi, do Amapá, celebrando sua arte gráfica ancestral, reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

A comissão de frente, intitulada “Guerreiros Imperiais”, abriu o desfile com um impacto visual impressionante, representando a criação do universo segundo a cosmologia Wajäpi. A águia Wyrau, símbolo da escola, foi destaque, batendo suas asas ao som da flauta Jimi’a puku, evocando a força e a liberdade dos povos indígenas. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Laiane Batista e Marcelo Fábio, trouxe a “Aurora da Vida”, representando o renascimento e a conexão entre o humano e o divino.

A bateria, comandada pelo mestre Meia Noite, pulsou com a energia da floresta, enquanto as alas coreografadas representaram a luta dos ancestrais Wajäpi contra a serpente mítica Tukã-Moj, símbolo do caos e do mal. A alegoria “Wyrakawa – O Surgimento do Kusiwa” emocionou ao retratar o momento em que os primeiros ancestrais pintaram seus corpos com as cores da serpente, dando origem à arte Kusiwa.

O segundo setor destacou a importância dos pajés, guardiões da sabedoria espiritual, e a simbologia das tintas naturais, como o urucum e o jenipapo, usadas para proteção e conexão com o mundo espiritual. A árvore Sumaúma, representada no segundo tripé, simbolizou a conexão entre o céu e a terra, reforçando o equilíbrio cósmico.

No terceiro setor, a escola trouxe a resistência dos Wajäpi, representada pelo jabuti Jawi, e celebrou a biodiversidade da Amazônia com alas inspiradas em animais como o tucano, a rã e a onça. A última alegoria, “A Floresta Vive em Nós”, foi um manifesto visual pela preservação da Amazônia, encerrando o desfile com uma mensagem poderosa de união entre o homem e a natureza.

Com cerca de 1.300 integrantes, a Império do Povo deixou sua marca na avenida, não apenas pela beleza plástica, mas pela profundidade do enredo, que resgatou a história e a cultura de um povo que luta para manter viva sua tradição. A escola santanense mostrou que o Carnaval vai além da festa: é um espaço de resistência, memória e celebração da diversidade cultural brasileira.

Compartilhe nas redes
Leia as últimas notícias: