A 9ª edição do Festival Curta Teatro, um dos principais eventos da cena teatral do Amapá, ganha destaque com a montagem Antimemórias de uma Travessia Interrompida, que será apresentada no dia 9 de agosto de 2025, às 19h, na União dos Negros do Amapá (UNA), em Macapá. Com entrada gratuita e classificação livre, o espetáculo promete emocionar o público ao abordar memória, silenciamento e resistência por meio de uma narrativa ancestral.
Escrito por Aldri Anunciação e adaptado e dirigido pela amapaense Iara Piris, o espetáculo apresenta a personagem “mulher do fundo do rio”, interpretada pela atriz Daniela Aires. Inspirada em uma mulher africana escravizada no século XIX, lançada ao mar durante a travessia em um navio tumbeiro, a figura ganha nova vida na adaptação para o contexto amazônico, onde o oceano se transforma em rio. A personagem ressignifica seus traumas por meio de objetos que emergem das profundezas, conectando-se à sua história e à memória de mulheres negras e ribeirinhas.
A montagem é uma homenagem à Janubia Dutra, mãe de Iara Piris, que faleceu em abril de 2025 após uma batalha contra o câncer. Com uma produção 100% LGBTQIAPN+, o espetáculo reforça a luta contra o apagamento histórico, celebrando a presença e a resistência de mulheres negras e ribeirinhas por meio da arte. A obra dialoga com o teatro negro, ao mesmo tempo em que incorpora elementos regionais, destacando os corpos, vozes e águas do Amapá como protagonistas dessa narrativa.
A produção conta com figurino de Stéfhany Borges, coreografia de Sofia Abreu, cenário do Coletivo Iguana, iluminação de Ronnar e revisão textual de Jakeliny Silva, formando uma equipe que enriquece a potência estética e política do espetáculo. Realizado pela Cia Ói Nóiz Akí, o 9º Festival Curta Teatro tem apoio da CEA Equatorial, CSA, Ministério da Cultura, Governo Federal, CAPTTA e UNA, viabilizado pela Lei Rouanet e produzido pela Central de Produção Colaborativa (CPC).
Antimemórias de uma Travessia Interrompida não é apenas uma peça teatral, mas um ato de reexistência, que convida o público a refletir sobre as histórias silenciadas e a força da ancestralidade no coração do Amapá.
